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terça-feira, 21 de maio de 2013

Oferta ao vazio

Resolvi usar esse espaço e, mais uma vez, sem nenhum compromisso.
Tem coisa que a gente vê e se estranha vendo.
Ontem vi um acontecimento desses. Uma mulher com uma bandeja de maçãs carameladas, comumente chamadas do amor, no terminal, oferecendo-as a quem quisesse delas tirar algum proveito. Para isso bastava que a pessoa em questão apresentasse a quantia representativa da maçã do amor.
Até agora fico me interrogando, pois aquela mulher, por pelo menos um  instante, essa medida fundamental de toda a minha experiência, ficou oferecendo as maçãs a uma parte do terminal da praia grande que parecia totalmente vazia.



Ah sim, devo lhes dizer o que é um terminal: um lugar na minha cidade  em que muitas pessoas pegam ônibus para chegar em casa, nesse horário das 21:40 deveria estar cheio, mas, nessa ocasião específica, estava vazio. E aquela mulher, numa tentativa de não sei o que, ofereceu suas maçãs e seu amor àquela faixa baldia. A do vazio. Por quê?
Eu ali, pensando muito distante, pensando em não sei quê das gentes e dos amores, das histórias e livros, provas e teorias, dores e saúdes de minha semana conturbada e, de repente, sou assaltado por essa imagem, que salta da bandeja de maçãs oferecidas ao nada, ao vazio.
Que posicionamento é esse, de oferecer ao nada aquilo que deveria (ou, pelo menos, é mais comum que se pense assim) ser de alguém?
Se alguém souber me diga, mas aquele imagem me marcou.

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